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Maniçoba equilibrada: menos gordura e mais saúde

Todo mundo pode comer maniçoba?

A maniçoba é uma das protagonistas do almoço do Círio e, com certeza, é um prato muito querido pelos paraenses. No entanto, pode não ser a comida mais indicada para quem tem algum problema de saúde, por exemplo. Por isso, é comum que algumas famílias preparem a iguaria em duas versões: a considerada “normal” e uma mais light.

A empresária do ramo gastronômico, Rosângela Bassalo, é uma dessas pessoas que amam maniçoba, mas prioriza a saúde. Pra início de conversa, ela afirma que prefere comprar a maniva crua, pois assim pode cozinhar pelo tempo certo, sem correr risco de ter comprado um produto pré-cozido de forma errada.

“Na minha maniçoba, eu uso as melhores carnes do porco. Não uso, por exemplo, as carnes do coxão dianteiro, dobradinha, porque são mais gordas. Se uso carne seca, utilizo a que é feita a partir do lagarto, pois tem mais carne e menos gordura”, ressalta. Ela conta que, antes de preparar a maniçoba, deixa todas as proteínas de molho na água por trinta horas, para perderem o sal, e depois as escalda.

Para entender mais sobre a relação entre o prato e a saúde, conversamos com o médico generalista, Jorge Paixão. Primeiramente, ele ressaltou que tudo é um grande “depende”. Antes de mais nada, o ideal é que a pessoa consulte um médico e faça os devidos exames, para que o especialista possa avaliar se, de fato, existe a necessidade de afastar a pessoa da maniçoba e de outras comidas pesadas.

“Na vida, especialmente no que se refere à saúde, o ideal é moderação e equilíbrio. Cada caso é um caso. Restrições absolutas devem ser muito bem balanceadas e, em caso de dúvidas, é importante consultar profissionais”, explica Jorge Paixão.

Por ser uma comida partilhada com entes queridos, a atenção de Rosângela é especial na hora do preparo. “Por cozinhar principalmente para a minha família, acredito que a preocupação com a saúde é um ato de cuidado”, comenta. Aliás, todo cuidado é pouco com a maniva, pois, como muitos sabem, a folha pode ser um perigo caso não seja tratada corretamente. “A folha da maniva é rica em ácido cianídrico, uma substância extremamente tóxica, que se não eliminada com o cozimento de 7 dias, pode levar de desconfortos leves (por exemplo, dor abdominal e mal-estar) até mesmo à morte”, alerta o médico.

Assim como muitos paraenses, Rosângela leva a sério o assunto maniçoba. Ela cozinha o prato há pelo menos 40 anos, sempre priorizando materiais de primeira qualidade e a redução de ingredientes que podem fazer mal para ela e para os clientes. “Apesar de ter a quantidade de sal e gordura reduzidos, a minha maniçoba não é 100% sem gordura. Acredito que ela fique no ponto perfeito entre o sabor tradicional da maniçoba e o saudável”, avalia.

De acordo com o médico Jorge Paixão, existem alternativas para os acompanhamentos tradicionais da maniva. As carnes de porco e de gado, charque, defumados (como chouriço, bacon e linguiças), podem ser substituídas, por exemplo, por proteína de soja, provolone, salsicha vegetariana, castanha-do-pará e castanha-de-caju. Estes últimos são ingredientes indicados para a maniçoba vegetariana.

O ideal é levar uma vida equilibrada, com uma alimentação balanceada combinada a uma rotina não ociosa. Dito isso, é claro que comer maniçoba, sem exageros, não é motivo para alarme. Mas, por ser uma iguaria feita com ingredientes salgados e gordurosos, é bom que hipertensos, diabéticos, pessoas que já retiraram a vesícula biliar e pessoas que apresentam alterações na taxa de gordura no sangue, evitem comer a maniçoba. Afinal, a culinária paraense é uma das mais ricas do país, sem dúvida, e oferece vários pratos deliciosos, principalmente no Círio. Em casos em que a pessoa realmente não possa comer a maniçoba, a saída é optar pelo pato no tucupi, chester ou até mesmo a versão vegetariana do prato.

No final, o que verdadeiramente resume o Círio é a fé, que é renovada, as memórias que são lembradas e criadas novas e, sobretudo, a reunião com pessoas importantes para as nossas vidas. Rosângela finalizou:

Além de todos os eventos oficiais do Círio e de toda a sua história, a minha parte favorita é ver toda a minha família unida, se divertindo, conversando e se deliciando com todas as iguarias que eu amo fazer.”

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